“With A Child’s Heart”
“With
A Child’s Heart”
O
ar no tribunal ficou pesado quando June Chandler sentou no banco de
testemunhas. Tom Sneddon cumprimentou a mãe de Jordie e pediu a ela que
voltasse a 1992 e 1993, à época em que ela e o filho dela conheceram o ícone
pop. A mulher de fala suave, dama muito elegante, June Chandler era sedutora.
Ela era, talvez, mais jovem e bonita que as pessoas poderiam esperar e enquanto
o promotor distrital, Sneddon, fazia as perguntas dele, ele estava sendo doce e
sociável com ela.
Quando
ela começou a testemunhar, June Chandler parecia completamente autêntica e
acreditável e os jurados estavam prestando muita atenção. June era toda classe.
Ela era graça personificada. Vestida impecavelmente, a senhora Chandler parecia
uma visão, como se ela tivesse saído das páginas da Vogue. Ficou óbvio que
Sneddon estava impressionado com a beleza exótica da mulher. Ele realmente
esperava o testemunho dela para mover o caso dele em alta velocidade.
Porém,
quando June Chandler começou a dar detalhes sobre ter se casado e divorciado do
primeiro marido dela, Evan, quando ela falou sobre ter se casado e divorciado
do secundo marido dela, David Schwartz, tornou-se evidente que a vida dela não
era tão gloriosa como a aparência dela fazia parecer. Quando June contou ao
júri que ela e o filho dela conheceram Michael através da empresa de Schwartz,
um lugar chamado Rent-A-Reck, parecia
que a vida de June Chandler, antes de ela conhecer Michael Jackson, não era
mesmo glamorosa.
June
contou ao júri sobre como ela adorava Michael, explicando que ela implorou ao
artista para esperar na Rent-A-Reck,
cinco minutos para conhecer Jordie. A senhora Chandler disse que o primeiro
encontro dela com Michael duraram meros cinco minutos, mas, então, descreveu
uma amizade que ela e os dois filhos dela tinham com o pop star, testemunhando que o relacionamento deles se tornou bem
próximo, que ela e as crianças dela viajaram com Michael para lugares legais,
como Las Vegas, para resorts
elegantes, na Europa. Eles tiveram um tempo maravilhoso com o Rei do Pop.
June
disse que ela ficava nas unidades de hóspedes em Neverland com os filhos dela, Jordie e Lily e descreveu Michael
como sendo “um cara comum”. Ela falou de Michael como alguém que não era nada
como a imagem do superstar que ele
projetava e disse que Michael era surpreendentemente humilde. Durante todas as
visitas dela a Neverland, June testemunhou, Michael tratou os Chandlers como
família. Ela contou sobre quando Jordie começou a dormir com Michael no quarto
dele, não demonstrando nenhuma indicação que alguma coisa incomum tivesse
acontecido para o filho dela, enquanto ele estava na presença de Michael
Jackson.
Quando
questionada sobre o processo civil, June Chandler disse que ela tinha sido
nomeada no processo civil do filho dela, mas queria que fosse sabido que ela
não processou Michael Jackson, ela mesma. June Chandler disso ao júri que Larry
Feldman cuidou do processo civil em nome do filho dela, Jordan, reiterando que
Jordie era a única pessoa que processou Michael. Contudo, June Chandler teve
que admitir que ela e o filho dela, ambos, receberam compensação monetária com
aquele litígio e disse que ela tinha assinado um acordo de confidencialidade,
que resultou na impossibilidade de ela escrever um livro ou conceder qualquer
entrevista sobre Michael Jackson.
Para
o espanto da mídia que estava cobrindo o tribunal, sob o interrogatório para a
defesa, com Tom Mesereau, June Chandler testemunhou que ela não falava, de
jeito nenhum, com o filho dela, Jordie, há mais de onze anos.
Quando
Mesereau a abordou sobre o processo civil de Chandler, fazendo perguntas sobre
o alegado débito que David Schwartz tinha, ele indicou que o ex-marido de June
tinha um débito de milhões de dólares ao tempo do processo civil de Chandler.
Mas, nas respostas dela, June Chandler negou qualquer alegação sobre pendengas
financeiras passadas.
A
senhora Chandler tentou manter a compostura sobre a questão do dinheiro, mas,
quando as perguntas se tornaram mais agressivas, a mulher começou a se fechar.
Para alguns observadores no tribunal, Chandler aprecia ter um garimpeiro,
Enquanto ela se contorcia no banco de testemunhas, tornou-se dolorosamente
claro que a elegante mulher, usando roupas de grife, tinha comprado aquele
estilo de vida com o dinheiro de Michael Jackson.
O
advogado de defesa perguntou a ela sobre datas e números específicos, mas
quanto mais ele grelhava Chandler sobre a alegada crise financeira dela, em
1993, mas o júri percebia que June Chandler não estava disposta a ser
encurralada. Por fim, Mesereau não conseguiu fazer Chandler admitir que ela
estivesse procurando por premio em dinheiro.
Os
observadores no tribunal consideraram estranho que June Chandler, algumas
vezes, não se lembrasse das cosias. Observando June Chandler testemunhar que
ela não “podia se lembrar” de certas particularidades relevantes ao processo
civil parecia completamente surreal. Por exemplo, June não pode se lembrar se Michael
Jackson tinha processado a família Chandler de volta, por extorsão.
June
Chandler parecia ter uma memória seletiva. Ela tinha vívidas lembranças sobre
todas as viagens com Jackson, de Los
Angeles para a Flórida, para a Europa e voltar, mas não podia se lembrar
nem mesmo de um simples detalhe sobre o processo civil de Jordie. Quando
questionada sobre as necessidades financeira e desejos pessoais dela, em 1993,
June Chandler se lembrou que o ex-marido dela, Evan, tinha uma vez pedido a
Jackson que financiasse a construção de um anexo à casa dos Chandlers. Mas para
ela mesma, embora ela tivesse aceitado alguns presentes caros de Jackson, um
bracelete Cartier entre eles. June
Chandler jurou que ela não queria nada monetário do artista.
Quando
ela falou sobre a amizade do filho dela com o ícone pop, Chandler testemunhou que ela nunca suspeitou que alguma coisa
inapropriada estivesse acontecendo entre Michael e Jordie. As respostas dela
provocaram consternação na mídia, porque todo mundo estava esperando Chandler
dizer alguma coisa, qualquer coisa, que implicasse Jackson.
Em
vez disso, June foi muito digna e falou sobre a amizade do filho dela com
Michael como sendo algo especial. Ela disse ao júri que Jordie se vestia como
Michael e tentava imitar o ícone pop,
desde muito pequeno, antes mesmo de Jordie conhecer o pop star. Ela também admitiu que, em 1992 e 1993, Evan Chandler
estava ocupado tentando escrever um roteiro, contando ao júri que, porque Evan
não estava passando muito tempo com Jordie, ela ficou feliz por Michael ficar
na casa deles. Michael estava devotando tempo ao filho dela e June disse que
ficou grata por isso.
June
Chandler testemunhou que Michael Jackson passou cerca de trinta noites na casa
deles, em Santa Mônica e admitiu que ela tinha encorajado a amizade entre o
filho dela e o pop star. Enquanto ela
falava, o tribunal ficou muito quieto. As pessoas tinham fortes noções
preconcebidas sobre Jordie Chandler. Alguns tinham problemas com Chandler e a
família dele usando Jackson como um peão, outros sentiam que Jackson é quem era
o responsável por abafar o caso. O pessoal da mídia soube que depois que o
acordo foi feito, Jordie Chandler tinha se recusado a cooperar com as
autoridades, o que levava todo mundo a oferecer opiniões. Durante o intervalo,
o pessoal da mídia fofocou sem parar sobre a amizade de Jackson com o jovem
Jordie Chandler.
Sem
interesse em fofoca, sem interesse em infindáveis sussurros que continuavam nos
corredores do tribunal, Tom Mesereau não deixaria o infame processo civil de
Chandler atrapalhar o sério caso criminal contra Michael Jackson. Mesereau não
queria que o júri se envolvesse em fofocas. Ele não queria que o júri ficasse
preso em especulações e rumores.
Naquele
ponto, o promotor tinha pedido que fosse mostrado ao júri foto de tiradas em
1993, do manchado pênis de Jackson, uma moção que foi negada. Mesereau tinha
boas razões para pedir ao juiz que mantivesse o júri longe na escandalosa
evidencia; evidencia que tinham sido usadas para sensacionalizar alegações de
que Michael Jackson tinha repetidamente negado.
Enquanto
ele procedia, Mesereau explorou outras avenidas da vida de Michael. O advogado
de defesa não queria apenas desacreditar todos os rumores negativos de mais de
uma década atrás, ele queria lembrar ao júri do mito de Peter Pan, que tinha
sido sempre sinônimo de Jackson. Mesereau queria que o júri entendesse por que
Michael se sentia tão próximo a Jordie e a família dele. Ele pediu a June para
confirmar que Michael Jackson era uma pessoa muita solitária, uma pessoa que
precisava de amigos verdadeiros.
June
Chandler contou ao júri que Michael tinha se tornado parte da pequena família
deles e disse que o pop star
compartilhou o jantar com eles, na casa em Santa Mônica, todas aquelas noites.
Quando Mesereau perguntou se Michael alguma vez tinha ajudado Jordie com o
dever de casa, quando ele perguntou se Michael jogava vídeo games com Jordie, a
senhora Chandler disse que sim, Michael tinha ajudado com o dever de casa e
tinha sido um bom amigo para o filho dela.
Ela
disse o júri que ela considerava Michael como sendo uma “criança” e testemunhou
que Jordie foi quem insistiu para ficar no quarto de Michael em Neverland, o
qual ela descreveu como sendo cheio de “bonecos” e com muitos brinquedos. A
senhora Chandler disse que ela esteve no quarto de Michael muitas vezes, e
descreveu-o como um quarto de “menino, um grande quarto de menino”.
“Quando
foi a primeira vez que seu filho, Jordan, perguntou se ele podia dormir com
Michael Jackson?” Mesereau perguntou.
“Eu
diria que foi na segunda ou na terceira visita a Neverland, porque sempre havia
meninos ficando no quarto dele e por que ele não poderia? E foi quando ele
começou a pedir” a senhora Chandler disse.
“E
era seu entendimento que havia muitas crianças pelo quarto de Michael Jackson?”
“Sim.”
“Tudo
bem. Você encontrou Macaulay Culkin em Neverland?” Mesereau perguntou.
“Sim.”
“Você
encontrou os pais de Macaulay?”
“O
pai dele.”
“Havia
mais alguém da família de Macaulay lá, você sabe?”
“Os
irmãos dele estavam lá.”
June
Chandler respondeu às perguntas de Mesereau com um incômodo que era palpável.
Ela manteve as respostas breves e tentou ser indiferente quando ela falou sobre
voar no jato da Sony, sobre voar no
jato do bilionário Steve Wynn, sobre viajar para Orlando e Las Vegas e
outros resorts por todo o mundo.
Embora
a senhora Chandler estivesse sendo muito precisa nas respostas dela, Michael a
observava com intensa proximidade e o olhar dele parecia transcender a atitude
indiferente dela. Enquanto June Chandler testemunhava o júri olhava para ela
muito intensamente e as pessoas estavam tentando ler a linguagem corporal dela.
Quando a senhora Chandler casualmente declarou que ela nunca se preocupou por Michael estar perto do filho dela, os
observadores no tribunal pareceram estupefatos.
“Michael
disse a você que ele queria uma família que o tratasse como uma pessoa comum,
certo?” Mesereau perguntou.
“Correto”,
a senhora Chandler disse.
“Ele
disse que ele não queria ser como um estranho, certo”
“Correto.”
“E
ele pediu a você para confiar nele. Certo?”
“Sim.”
“Você
se lembra de disse ao promotor distrital de Los
Angeles que quando você contou ao seu ex-marido, Evan, sobre o
relacionamento de Michael com a sua família, Evan viu que isso maravilhosamente
significava que Jordie não teria que se preocupar pelo resto da vida dele?”
Mesereau perguntou.
“Você
repetiria sua pergunta?”, a senhora Chandler gaguejou.
“Você
não disse ao promotor de Los Angeles
que seu ex-marido, Evan, o pai de Jordie, disse a você que o relacionamento com
Michael, significava, maravilhosamente, que Jordie não teria com o que se
preocupar pelo resto da vida dele?”
“Sim”,
a senhora disse.
“E,
para você, isso significava que Michael Jackson sustentaria você pelo resto da
sua vida, correto?”
“Não.”
“Foi
o que o seu ex-marido entendeu disso, verdade?”
Mas
o promotor distrital, Sneddon, estava levantando e sentando, objetando àquela
linha de perguntas com fervor. Com o rosto de Sneddon se tornando vermelho, o
juiz deu um sinal para Sneddon ficar quieto. O juiz Melville sustentou a
objeção e o juiz usou um tom sarcástico que fez algumas das pessoas no tribunal
rirem alto. Melville tinha um estilo pessoal ele estava usando uma insinuação
de sarcasmo para manter Tom Sneddon de cabeça fria. Mas Sneddon estava
fumegante e todo mundo no recinto podia sentir a raiva de Sneddon. O promotor
estava furioso por Mesereau ter sido capaz de usar a testemunha chave dele, em
favor da defesa. Mesereau teve sucesso em fazer June Chandler parecer faminta
por dinheiro.
Ainda
que a objeção tenha sido sustentada, Mesereau não podia deixar que o assunto do
processo caísse. Mesereau não queria risos. Ele não queria as pessoas fossem
atraídas pela força de gravidade do processo civil dos Chandlers e a
mentalidade da família Chandler. Mesereau queria que o júri entendesse que a
família Chandler queria que Michael Jackson provesse permanentemente “tíquetes
de alimentação” para eles. Quando apresentou detalhes, Mesereau deixou todo
mundo no tribunal saber que através de Jackson, os Chandlers tinham uma porta
aberta que levava às pessoas como Elisabeth Taylor, Nelson Mandela à realeza
por todo o mundo.
Quanto
mais June Chandler tentava argumentar com o retrato que Mesereau fez da família
Chandler, mais parecia que ela estava protestando demais. Parecia que Jackson
tinha dado aos Chandlers um senso de boa vida, ele apresentou a eles uma vida
de fama e fortuna e, tendo provado um pedaço do mundo de Jackson, a família
Chandler não estava querendo abrir mão disso. Os Chandlers desenvolveram gosto
por champanhe e eles queriam mais.
Mesereau
perguntou a June Chandler sobre o encontro dela com o famoso investigador
particular, Antony Pellicano. Mesereau perguntou se ela se lembrava de dizer a
Pellicano que “Evan queria dinheiro.” Ele perguntou se ela alguma vez tinha
dito a Pellicano que “A preocupação de Evan era apenas dinheiro.”
Mas
June Chandler não se lembrava.
A
senhora Chandler testemunhou que ela se encontrou com Antony Pellicano pelo
menos três ou quatro vezes, mas não tinha lembranças do que aconteceu durante
aqueles encontros. Por fim, a substância da conversa entre Chandler e Pellicano
foi considerada especulação, não admissível no tribunal. Mas com as perguntas
de Mesereau sem resposta, o segredo sobre o encontro entre June Chandler e
Antony Pellicano apenas ficou suspenso no ar, ameaçadoramente, fazendo todo
mundo suspeitar ainda mais da motivação por trás do processo dos Chandlers.
“Você
se lembra de dizer a Michael Jackson, ‘Você é como Peter Pan. Todo mundo quer
ficar vinte e quatro horas perto de você? ’” Mesereau perguntou.
“Sim.”
A senhora Chandler disse quase em um sussurro.
“Certo,
você se lembra de que no seu encontro com o senhor Pellicano, o senhor
Pellicano disse ‘Isto é absolutamente extorsão’?”, Mesereau perguntou.
Com
isso, Tom Sneddon deu um pulo e objetou. A Objeção foi sustentada, sob o
argumento de que era boato e Mesereau seguiu em frente.
“Você
se lembra de encontrar com o advogado Robert Saphiro?” Mesereau perguntou.
“Sim”,
a senhora Chandler testemunhou.
“E
quando foi isso?”
“No
escritório de Larry Feldman.”
“Quantos
encontros você teve com Robert Saphiro?”
“Eu
não me lembro.”
“Você
sabe por que ele estava na reunião” Mesereau perguntou.
“Eu
acho que ele era parte do time jurídico de Michael”, a senhora Chandler disse.
“Quem,
Robert Saphiro?”
“Eu
acho que sim. Eu não me lembro.”
“Bem,
ele estava lá porque o advogado de Michael Jackson estava alegando extorsão,
correto?” Mesereau pressionou.
“Eu
não me lembro.”
“Robert
Saphiro estava lá porque ele é um advogado de defesa criminal, certo?”
Tom
Sneddon tentou impedir perguntas sobre Saphiro, sobre extorsão, sobre a
acusação que Michael Jackson estava fazendo contra os Chandlers, em 1993, mas o
juiz Melville superou as objeções. A testemunha tinha que responder às
perguntas, mas June Chandler não pôde se lembrar de detalhes em relação à
contra-acusação de extorsão feita por Michael Jackson.
Ela
disse que ela não tinha consciência de que Robert Saphiro tinha feito parte do
time jurídico dos Chandlers, não tinha consciência de Saphiro estava
aconselhando a família Chandler como um advogado criminal. A senhora Chandler
também não tinha consciência que Robert Saphiro tinha representado outro
advogado dos Chandlers, Barry Rothman, que tinha sido acusado pelos advogados
de Michael de conduta antiética em relação a Michael Jackson. Rothman não foi
indiciado por nada.
Mesereau
queria informar que a família Chandler tinha recebido conselho legal de um
famoso advogado criminal, que eles tinham sido informados de que Jackson os
processou por extorsão, mas June Chandler disse que ela apenas tinha uma
memória limitada do encontro com o famoso advogado de O.J Simpson.
A
senhora Chandler testemunhou que ela não tinha nenhuma memória definida sobre
nenhuma conversa com Robert Saphiro e agiu com se ela pouco soubesse quem
Saphiro era, o que parecia ser um engodo.
Embora
a família Chandler tivesse encontrado Robert Saphiro no escritório dele em
Century City e June tivesse encontrado com Robert Saphiro Np escritório de
Larry Feldman, de alguma forma, o famoso advogado Robert Saphiro não tinha
deixado uma impressão nela.
Quando
a bela senhora Chandler deixou o banco de testemunha, muitos dos jurados
pareceram indiferentes. Pelos rostos deles, ficou óbvio que June Chandler não
tinha sido uma boa testemunha. As mulheres no júri, em particular, pareciam
enxergar dentro dela.
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Sesini duyur!