“Do You Remember The Time?”
“Do You Remember The Time?”
No
final da audiência, quarta-feira, dia 4 de março, quando Michael estava sendo
questionado sobre o testemunho de Davellin Arvizo, ele disse à mídia que achou
isso “frustrante”. Na verdade, aquele comentário de Jackson seria o último,
pelo menos quando isso veio à multidão da mídia, porque o advogado dele não
permitiu mais nenhum comentário. Mesereau detestava a presença da mídia e
sentia que a mídia estava lá para capitalizar com a sensacional insensatez de
Michael Jackson. É claro, nem mesmo Mesereau poderia prevê a sensação mundial
que Jackson geraria ao entrar vestindo o pijama dele.
“O
Dia do Pijama” aconteceu no dia seguinte ao testemunho de Davellin e Star,
justamente quando Gavin subiu na tribuna. Antecedendo a aparição de Gavin,
Davellin e Star tinham dito ao júri que eles mentiram na ocasião prévia, os
dois irmãos testemunharam que eles foram forçados a elogiar Michael Jackson.
Quando Star Arvizo deu a própria conta dele dos alegados atos sexuais de
Michael, o testemunho de Star seria mais tarde contraditado por Gavin, que se
lembrou de uma versão diferente do “incidente”. Entre mentiras e testemunhos
contraditórios, os Arvizos pareciam ter deixado o júri confuso.
Enquanto
Michael escutava as acusações serem arremessadas por todo o tribunal pelos
irmãos Arvizos, o supertar parecia
estar com enjôos no estômago. Assistindo àqueles garotos deturparem os fatos,
escutando-os tentando convencer o júri de que Michael não os tinha ajudado e
que eles eram vítimas dele, estava deixando Michael cada vez mais doente.
Na
manhã do testemunho de Gavin, em vez de ir direto ao tribunal, Michael foi ver
um médico em um hospital próximo. Cuidadosamente, Mesereau foi falar ao Juiz
Melville para pedir que especiais considerações fossem dadas a Jackson, mas
Melville não quis escutar. Melville ordenou que todos chegassem ao tribunal às
08h30min. E Jackson não era exceção.
Naquela
manhã, o juiz ordenou que Michael Jackson aparecesse no tribunal dentro de uma
hora e ameaçou prender o superstar e
jogá-lo na cadeia se Jackson não obedecesse. Seguindo o comando do juiz
Melville, Jackson e a comitiva dele dirigiram-se em alta velocidade e Jackson
chegou ao tribunal vestindo um casaco por cima de um par de pijamas, parecendo
atordoado e cansado quando ele emergiu da SUV.
Para Jackson, isso não era uma façanha publicitária. Para Jackson, isso não era
um ato de desrespeito.
Algumas
pessoas estavam convencidas de que Jackson tentava ganhar a simpatia do júri.
Mas os que estavam lá dentro sabiam que o júri não era levado para dentro do
tribunal até que Michael estivesse sentado atrás da mesa de defesa. O júri
somente podia ver Jackson da cintura para cima, portanto, eles não sabiam de
jeito nenhum que Michael estava vestindo pijamas.
Mesmo
assim, isso foi o perfeito tipo de coisa estranha que ocorria na vida de
Michael, que permitia à mídia continuar a chamar Jackson de aberração. A imagem
de Jackson de pijamas foi estampada na primeira página do New York Times e outros principais jornais do mundo todo. Na
América, Michael ir à corte de pijamas era a notícia do momento e a imagem do
“maluco” encheu a tela da TV por dias. Para a mídia isso foi uma desculpa para
falar da instabilidade de Michael. Enquanto a mídia estava obcecada por
pijamas, as pessoas esqueceram que um julgamento criminal estava em progresso.
A
coisa mais interessante sobre o testemunho de Star Arvizo foi a reação dele
durante o interrogatório de Mesereau, o que teve membros do júri coçando as cabeças.
Star contou ao júri sobre uma deposição que tinha dado alguns anos antes,
confirmando que a família Arvizo tinha ajuizado um processo civil contra a JC Penny Corporation. Para o júri, Star
confirmou que ele tinha mentido anteriormente, mas quando Mesereau pediu a ele
que se lembrasse de uma alegação de abuso sexual que Star testemunhou no
estacionamento da JC Penny, em 1998,
Star disse que não podia lembrar muito sobre o evento.
Com
Star alegando que tinha testemunhado múltiplos atos de abuso em Neverland,
Mesereau continuou perguntando sobre que tipo alegado de abuso aconteceu com a
mãe dele, Janet, no estacionamento da JC
Penny. Tom Mesereau estava se referindo ao depoimento de Star no caso JC Penny, mas Star estava protelando.
Por fim, o júri descobriu que o “incidente” ocorreu em 1998, depois de Gavin
Arvizo ter pegado uma peça de roupa da JC
Penny, supostamente para “enganar” o pai dele para que comprasse.
Eles
entenderam que, em razão do furto de Gavin, os guardas da JC Penny seguiram a família Arvizo até o estacionamento, onde Star
afirmou ter testemunhado os guardas da JC
Penny agredindo e tocando inapropriadamente a mãe dele.
Sob
juramento, Star quis deixar claro que o irmão dele nunca quis roubar nada,
afirmando que Gavin queria ser um comediante e um padre. Star, com quatorze
anos, testemunhou que ele nunca usou palavrões, mas insistiu que escutou
xingamentos no estacionamento da JC Penny,
enquanto os guardas se aproximavam deles. De acordo com o testemunho
juramentado de Star, os guardas da JC
Penny alegadamente bateram em Janet Arvizo e também tocaram as partes
intimas dela.
Para
os observadores do tribunal, parecia que Star admitiu muito facilmente que ele
tinha mentido sob juramento. Star admitiu que deu falsas declarações sobre os
pais dele nunca terem brigado. Star admitiu ter mentido que o pai dele nunca o
tinha batido. Star caiu na armadilha do seu próprio depoimento e apenas pôde
dizer “isso aconteceu há muito tempo.”
Quando
Mesereau mudou o assunto para Michael Jackson, Star já estava na defensiva,
visivelmente bravo pelo advogado de defesa tê-lo espetado.
No
dia anterior, sob o interrogatório de Tom Sneddon, Star alegou ter visto o
irmão dele sendo molestado por Michael em duas ocasiões específicas. Star
também alegou que Michael tinha compartilhado revistas pornográficas com ele e
o irmão dele, que deu vinho aos dois e que tinha simulado fazer sexo com um
manequim na frente deles.
Contudo,
sob o interrogatório sobre os alegados incidentes, Star admitiu que ele não
tinha dito nada sobre a pornografia, o álcool ou o abuso para a polícia... não
até ele e a família ter ido ver o advogado Larry Feldman, o advogado que
conseguiu o famoso acordo para Jordie Chandler e a família dele,.
Na
tribuna, Star testemunhou que foi Larry
Feldman quem sugeriu que a família Arvizo fosse a um conselheiro sobre os
alegados incidentes de abuso. Star testemunhou que foi em algum momento, em
março de 2003, exatamente depois que Michael cortou contato com os garotos
Arvizos, que a família Arvizo foi indicada ao psiquiatra Stanley Katz. Para o
júri, Mesereau estabeleceu que somente depois que Star e Gavin manifestaram as
acusações deles para Feldman e Katz_ o mesmo time que tinha sido chamado por
Jordie Chandler e a família dele_ foi que os Arvizos decidiram ir à polícia.
Enquanto
ele grelhava Star na tribuna, Mesereau trouxe inúmeros fatos que saltavam aos
olhos. Quando o testemunho se tornou gráfico, foi doloroso escutar as
alegações, especialmente porque o testemunho do garoto não estava acrescentando
nada. Quando Star falou, ele pareceu desdenhoso. Contudo, quanto mais detalhado
o testemunho se tornou, mais a maioria das pessoas na corte tomou parte no
arrepio coletivo.
“Você
falou para Stanley Katz que Michael Jackson tinha a mão direita dele na virilha
de Gavin, certo?” Mesereau perguntou.
“Sim.”
Star testemunhou.
“Você
nunca disse a ele que Michael estava masturbando Gavin?”
“Ele
não estava masturbando, ele estava apenas sentindo.” Star disse.
“Ele
estava apenas sentindo-o?”
“Sim.”
“Você
se lembra de que ontem você disse ao júri que ele o estava masturbando?"
Mesereau perguntou.
“Não.
Eu disse que Michael estava sentindo meu irmão enquanto ele estava se masturbando.”
“Está
bem. Você em nenhum momento disse ao júri, ontem, que Michael estava
masturbando seu irmão?”
“Não.”
“Você
nunca disse isso a ninguém?”
“Não.”
Star insistiu.
Mas
Star deixou claro que tinha testemunhado Michael masturbar o irmão dele. Esse
foi o testemunho de Star no dia anterior. Agora, em frente a Mesereau, do juiz
e do júri, Star parecia recuar. O garoto parecia estar inventando as coisas
enquanto testemunhava.
“Você
se lembra de quando descreveu para Stanley Katz a segunda vez que você foi ao
andar superior e observou Michael tocar seu irmão?”
“Sim.”
“Você
disse a Stanley Katz que Michael Jackson tinha a mão na virilha do seu irmão?”
“Sim.”
“Isso
não é o que você realmente disse a ele, absolutamente, é?" Mesereau
satirizou.
“Sobre
o que você está falando?” Star disse, afobado.
“Bem,
você disse a Stanley Katz que Michael Jackson estava esfregando o pênis dele
nas nádegas de Gavin, não disse?”
“Não.”
“Refrescaria
sua memória se eu mostrasse a você o testemunho dele ao grande ao júri?”
Mesereau
pegou o testemunho de Stanley Katz para o Grande Júri, mas Star não quis ver.
Star negou ter dito a Katz qualquer coisa sobre as nádegas de Gavin e Mesereau
rapidamente mudou para outro assunto.
“Você
tentou dizer a Stanley Katz que você sentiu cheiro de maconha, não
tentou?"
“Não.”
“Refrescaria
sua memória, se eu mostrasse essa página do testemunho dele?"
“Não.”
“Está
bem.” Agora, você nunca disse a Michael Jackson que você queria ser um ator?
“Não.”
“Nunca
disse nada disso a ele?” Mesereau perguntou novamente.
“Não.”
Embora
Star negasse querer ser um artista, o garoto esteve em escola de dança, esteve
em escola de comédia e Star já foi o apresentador em um vídeo que foi feito em Neverland.
O júri mais tarde assistiu e viu Star fingindo ser um guia turístico de Neverland,
apresentando uma campanha publicitária para aquele lugar que parecia fazer
parte da Disney. No vídeo Star
parecia ser excessivamente zeloso, ansioso por estar na câmera. O garoto estava
fazendo um teste, radiante por ser a peça central em um passeio por Neverland.
Era óbvio que Star esperava que isso fosse “a grande chance” dele no show business.
Mas
Star disse aos jurados que ele não se importou em fazer o vídeo de Neverland. Star agiu como se ele
tivesse fazendo um favor a Jackson por ser o anfitrião em um vídeo sobre Neverland.
Quando Mesereau mudou para outro tópico o advogado de defesa quis que Star
explicasse como ele e o irmão, Gavin, tinham ganhado conhecimento sobre todos
os códigos de alarmes de Neverland. Quando Star testemunhou que tinha entrado
na casa principal de Michael “centenas de vezes”, os jurados pareceram
surpresos. Eles entenderam que a família Arvizo recebeu os códigos para a casa
principal depois da viagem para ver
Michael em Miami. Star testemunhou
que, uma vez que ele soube os códigos para a casa principal, ele tinha acesso a
todos os cômodos do lugar, incluindo o quarto de Michael.
Neste
ponto, Mesereau pediu a Star que lembrasse uma ocasião onde ele e o irmão dele
foram pegos bebendo vinho na adega de Michael, sem que Michael estivesse
presente. Star negou que isso tivesse acontecido, mas admitiu que ele e Gavin
soubessem onde as chaves da adega estavam guardadas. Star negou que ele e o
irmão tivessem sido pegos bebendo sozinhos em alguma ocasião. No entanto,
membros do pessoal de Neverland mais tarde testificariam que eles viram Star
bebendo licor, o qual o garoto tinha adicionado ao milkshake dele. Em outras ocasiões, o pessoal de Neverland testemunhou Star Arvizo bebendo álcool.
Sem Jackson à vista.
Star
quis parecer inocente. Mas, observando Star na tribuna, ele era claramente um
garoto com uma atitude, um garoto com uma carga nos ombros. Enquanto os jurados
mantinham-se atentos ao testemunho de Star, as pessoas no painel estavam
começando a ficar desconfiadas.
Star
negou ter feito qualquer coisa errada em Neverland; ele negou ter vasculhado o
armário de Michael e gavetas. Porém, ele admitiu que ele e Gavin foram pegos
dormindo no quarto de Michael, quando Michael não estava na propriedade.
Quando
Mesereau trouxe uma maleta cheia de “revistas femininas”, as quais Star tinha
identificado como as revistas que Michael mostrou a ele e ao irmão dele, o
advogado de defesa questionou Star sobre uma revista em particular, Barely
Lega, l e Star testificou que aquela era exatamente a revista que
Michael tinha mostrado a eles. Star estava certo de que a tinha segurado, até
que Mesereau apontasse que a data da revista era agosto de 2003, meses depois
que os Arvizos tinham deixado Neverland para sempre.
Outra
coisa que Mesereau trouxe foi que Star tinha um estranho apelido “Escapamento”,
o qual tinha escrito na capa do livro de visitas de Neverland Valley Ranch. Quando Mesereau
questionou o garoto sobre isso, Star admitiu que tinha feito o nome para si
mesmo, dizendo que ele “tinha encalhado com aquele nome.”
Para
os observadores na corte, era perturbador perceber que Star Arvizo admitiu ter
rabiscado o livro de convidados com capa de couro de Jackson, a lembrança
pessoal de Michael, que estava cheia de recados de “agradecimento” de
celebridades como Marlon Brando e Jessica Simpson.
Quanto
mais ele testificava, mais Star Arvizo tinha as pessoas se perguntando como
alguém pôde ser tão descarado, pôde desfigurar a propriedade de outros e não
pensar nada disso.
Depois,
quando foram mostrados a Star um cartão e bilhetes escritos a Michael pelo Dias
dos Pais, no qual ele se referia a Michael como o “super, super melhor, melhor
amigo” dele, o cartão estava assinado por “Escapamento Star Arvizo”. O cartão
enfaticamente estabelecia, “Michael nós amamos você incondicionalmente, até o
infinito e além da eternidade. Obrigado, Michael, por ser nossa família.”
Mesereau
introduziu inúmeros cartões e bilhetes escritos para Michael pelos Arvizos,
todos os quais pareciam diametralmente se opor a caricatura que Star Arvizo
tinha dado ao júri sobre Michael Jackson. Em um cartão, Star escreveu, “Quando
nós temos nossos corações quebrados em pequenos pedacinhos, nós sempre
continuamos amando, precisando e nos preocupado com você com cada pedacinho dos
nossos corações, porque você nos curou de um jeito muito especial.”
Embora
Star se recusasse a admitir que ele considerasse Michael uma figura paterna,
Star tinha dito o contrário em duas fitas, uma gravada por Brad Miller em 16 de
fevereiro e outra, o vídeo refutação, gravado pelos Arvizos em 20 de fevereiro
de 2003.
O
vídeo refutação dos Arvizos seria apresentado várias e várias vezes durante o
julgamento e voltaria a caçar o acusador e a família dele, que manteve que
nenhum dos comentários deles no vídeo refutação era verdadeiro. Star e a
família dele diriam aos jurados que eles nunca quiseram elogiar Jackson de
nenhum jeito, forma, ou tipo. Mas, no fim, o testemunho dos Arvizos carecia de
credibilidade.
Isto
parecia tão dissimulado, especialmente quando todo Arvizo que testemunhava
_Davellin, Star, Gavin e Janet_ alegavam que eles nunca falaram uns com os
outros sobre o caso de Michael Jackson de jeito nenhum. Além disso, enquanto
cada um dos Arvizos insistia que o vídeo refutação era um monte de mentiras,
Janet Arvizo foi um passo além e negou que Michael tivesse feito qualquer coisa
para ajudar ao filho dela. Quando foi a vez dela testemunhar, Janet disse aos
jurados que ela e os filhos dela estavam “lendo um script” e foi firme em dizer que nenhum dos elogios deles para
Michael foi sincero.
Mas,
se os Arvizos não amavam Michael, eles certamente não se mostraram assim no
vídeo refutação. De jeito nenhum. No vídeo refutação, as crianças Arvizos
apareciam como se eles fossem parte de um círculo restrito de Michael. Bem
comportados e bem vestidos, todas as três crianças estavam claramente seguindo
a liderança da mãe. Os Arvizos, em uníssono, foram recitando elogios a Michael,
exaustivamente. Star Arvizo, junto com a mãe dele, irmão e irmã, olhava para
dentro da câmera e falavam sobre Jackson ser “como família” para eles. Cada um
deles afirmou que eles estavam agradecidos que Jackson tivesse tido interesse por
eles e disseram que o superstar os
tinha ajudado quando ninguém mais parecia se importar.
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Sesini duyur!